Sou fruto hoje desse trabalho iniciado há anos. Trabalho este que recupera, transforma, mobiliza, modifica, toca e gera reflexão. Muda atitudes, mas o mais importante de tudo: espalha amor, colhe almas destruídas, arrependidas, ceivadas no ódio, no rancor, absorvidas em suas próprias dores. Recupera o humano, o espírito, o ser absorto em seus problemas, necessitado de luz, acolhida e sobretudo de Deus.
Fui uma mãe atendida aqui no primeiro ano deste trabalho. Destruída pelas escolhas que fizera, havia escolhido trabalhar deste lado como enfermeira da escuridão. Aquela que intuía mães, médicos e seus ajudantes a escolher esse caminho e a perder a ligação com a luz, com o perdão, pois não queria entender que um erro não deve definir para sempre, imprimir em nossa vida ou morte as profundezas, a escuridão.
Aqui fui trazida sem mesmo ter a mínima condição ou entender o que estava acontecendo. Logo que aqui cheguei fui recebida com amor, uma luz intensa e um suave cheiro de rosas que estava no ambiente tocando-me sutilmente, embora eu não conseguisse definir o que era e nem de onde vinha. As palavras que me acolheram, as frases que foram ditas, mas principalmente o não julgamento foram modificando o meu ser. Mudança essa que eu não sabia, mas ansiava há tempos.
O amor Divino é sublime, imenso e amoroso. Fui tocada, amada e respeitada apesar de minhas escolhas, meus erros, meus enganos, não importando a quantidade e nem a quem pude influenciar durante todo esse tempo. Foram muitos anos atuando na escuridão.
Fui autorizada a contar a todos o que eu passava e o que se passa hoje na forma da escrita para que possa ficar registrado de outra forma o significado deste trabalho. Importante dizer que quem me trouxera até aqui fora meu próprio filho que houvera abortado. Ele já havia sido tocado pelo trabalho desenvolvido na evangelização, pois sabe muito melhor do que eu que são assistidos e atendidos aqui os encarnados e desencarnados.
Hoje escolhi atuar na luz. Sou simples trabalhadora que recebe as mãezinhas que desencarnam por este fim e tento fazer diferente do que ocorreu comigo que desencarnei e escolhi a escuridão e profundeza. Fosse pela mágoa, fosse pela dor, fosse pelo ódio pelo meu parceiro, pelo médico que me induziu ou fosse mesmo pelo arrependimento. Não importa. Hoje tento acolher essas mães e leva-las ao caminho de luz e perdão independente do ato cabe-nos amar, apoiar e conduzir no bem e não julgar, imperfeitos que somos.
No mês que antecede esse trabalho fico na assistência às mães que começam a pensar nesse intuito e juntamente com os amigos que apoiam esse trabalho nos esforçamos para que elas passem pelos locais onde os grupos se encontram e através da abordagem, da música, do panfleto, do sorriso e do amor, modificar sua decisão, tocar seu coração. Focamos esse trabalho com as encarnadas. Encaminhamos também para esses locais encarnadas que em vidas anteriores, ou mesmo nesta vida fizeram essa escolha e aí, através dessa mesma abordagem de amor, encaminhamos para o ônibus que fica aguardando os espíritos envolvidos e que a elas estão ligados para serem encaminhados para esse trabalho de amor e assistência espiritual.
Tantos já foram assistidos… agradecemos muito a Deus a confiança em nós. Importante ressaltar que todos vocês se comprometeram com esse trabalho de amor. Os que vão para as ruas são os que em sua maioria convenceram em vidas anteriores irmãozinhos a realizarem esse triste ato, fossem parceiros, amigas, mães, médicos que de alguma forma induziram ao equívoco. Hoje escolheram o caminho do amor, o de esclarecer e envolver para a opção do amor e nesse sentido aprendem com a doação no amor e também com a animosidade ou não aceitação do trabalho por alguns que abortam.
Os que ficam na casa, envolvidos no campo espiritual, em sua grande maioria envolveram-se de fato no ato. Por isso precisam e escolheram hoje ouvir, acolher, modificar e até mesmo sentirem as dores de outra forma.
De todo modo, todos os trabalhadores escolheram hoje o caminho do bem e do amor e a união deste trabalho é o alicerce necessário para triunfar no bem. Não existe claro regra, mas sim a doação. Os que desistiram do trabalho, encontraram impedimento, devem ser respeitados. Cada um a seu tempo. O livre arbítrio. Focar na prece por eles para que não sucumbam no próximo ano. Acolhê-los e também amá-los. Somos irmãos, parceiros e amigos. Todo amor e respeito a cada um de nós que hoje escolheu o caminho do bem e do amor. Que continuemos durante todo o ano na assistência. Que lembremos da orientação do ano anterior e que nos preparemos para os anos seguintes. Toda luz e todo amor de uma irmã que muito os ama.